Considerações: Christine Farias
Escrito em 1932 por Aldous Huxley, esta obra, que também apresenta sua versão em filme, zomba de todas as utopias ao imaginar um mundo altamente socializado e submetido a uma feroz ditadura tecnológica. O autor usa de ironia e um cinismo sutil – onde se entrevê a descrença amarga na humanidade – e critica o industrialismo que induz à guerra e à hipertrofia estatal.
O livro aponta uma civilização de excessiva ordem onde todos os homens eram controlados desde a geração por um sistema que aliava controle genético (predestinação) a condicionamento mental, o que os tornava dominados pelo sistema em prol de uma aparente harmonia na sociedade. Não havia espaço para questionamentos ou dúvidas, nem para os conflitos, pois até os desejos e ansiedades eram controlados quimicamente pelo “Soma”, sempre no sentido de preservar a ordem dominante. A liberdade de escolha estava restrita a poucas matérias da vida. O sistema era dividido em castas: as superiores eram decantadas em betas, alfas e alfas mais e se originavam de óvulos biologicamente superiores, recebendo o melhor tratamento pré-natal possível. Já as castas inferiores, bem mais numerosas, recebiam um tratamento diferenciado, denominado Bokanovsky [ficou curioso para saber o que isso significa? Leia o livro!].
E o SOMA tão usado pelos personagens do livro, será que podemos relacionar ao que temos ao nosso alcance hoje em dia? Não somente pensando em químico, como nos são oferecidos uma gama de anti-depressivos, mas e os vícios de jogos? O futebol? A cachacinha com os amigos nas esquinas? E as mensagens subliminares que recebemos todos os dias pela mídia? Tudo isso não seria uma forma de controlar a mente humana?
É interessante perceber que mesmo sido publicado há quase 80 anos, parece ter sido escrito ontem! E nos remete à várias reflexões!
Como recentemente uma colega que apresentou este livro em sala de aula, na disciplina de política e Gestão Ambiental, levantou alguns questionamentos:
– Haveria um limite para o desenvolvimento humano? Se há qual seria ele? Quem vai impor esses limites?
– O que é cientificamente possível é eticamente viável?
– Para onde caminha a humanidade?
– Até que ponto o homem é senhor de si mesmo?
E você, o que pensa a respeito?